segunda-feira, 11 de abril de 2011

Relatos de Uma Viajem Alucinante...



A Necessidade de Pertencer – Sintoma da Síndrome de Individualidade


Bom dia amigo (a), pois é, desculpa o incomodo, venho convidar-te para uma reflexão, e como não pretendo de forma alguma te incomodar, aviso desde já, que esta “reflexão” ficou um pouco longa, talvez até um pouco chata, por isso apenas se tiveres com paciência lê, caso contrário delete, não tem problema. Tem um dia maravilhoso.

Pois bem! Muitos problemas se encontram nesta vida, e grande parte desta mesma vida é passada na tentativa de resolver-los, muitos deles mais abrangentes já cá estavam antes de “chegares”, e certamente continuarão depois de “partires”...outros ainda, mais próximos, mais íntimos, também estavam à “chegada”, e outros foste encontrando aos poucos... certos problemas, não os eram até um determinado momento e depois passaram a ser, outros eram um problema antes e depois de um tempo deixaram de ser! Estranho não?!... Dá que pensar na natureza das “coisas”...

Ainda assim uma convicção profunda que esses problemas, são mesmo um problema, e que certamente haverá solução! Mas qual é o real entendimento da vida? Por acaso sabes o que estás “aqui” a fazer? Sabes o que é “aqui”? Sabes de onde vens? Para onde vais? Por acaso sabes quem és?

E que tal recomeçar pelo básico?! A vida tornou-se uma confusão, corres de um lado para o outro sem saber para onde vais, corres em busca de algo melhor, sem saberes quem és, desta forma sem saberes o que necessitas, para onde achas que isso te vai levar? Tornaste-te demasiado sofisticado, demasiado complexo; e que tal começar a simplificar?...

Pois bem, a esta altura a tua vida já deu muitas voltas, mas o mais certo é que esteja tudo na mesma, mudaste cores, sabores, saberes, linguagem, imagem, e mais ou menos entretido (a), ainda assim na mesma... Vives em círculos apenas, abanas, sacodes, fazes mudanças, e voltas sempre ao mesmo; por vezes, demoras bastante a ter essa percepção; mas mais cedo ou mais tarde voltas ao mesmo, às mesmas questões, e baixas os braços por um determinado período, e depois começas de novo, mais uma volta, mais um círculo...

Certamente muita coisa mudou, argumentas... talvez tenhas mudado de relacionamento, algo que te oprimia e já não fazia mais sentido. Talvez tenhas mudado de trabalho, que por segurança mantinhas, ou seja pelo cheque no final do mês, cheque esse que alimentava uma série “coisas” que no fundo não serviam de muito, e ainda assim te escravizavam em um trabalho que não trazia alegria alguma, era apenas algo que te esvaziava; talvez tenhas mudado de religião, certamente havia um problema com o outro Deus, e as suas doutrinas... ou melhor ainda, estás na moda, agora não és religioso (a), agora és espiritual, segues uma nova filosofia, ou melhor ainda, uma filosofia antiguíssima, comprovada por milênios... comes diferente, dormes diferente, tens práticas regulares de espiritualização, fazes caridade, és uma raridade... Mas vê bem... mudou assim tanta coisa? Enquanto estás no período da mudança, conhecendo tantas novidades, nem dá para perceber, mas quando arrefece o furor inicial, tudo fica claro. Tanto que possivelmente largaste para trás, e... será que mudou realmente alguma coisa? Aí “dentro”, nessa vivência, mudou mesmo? Vê bem! Será que adianta fazer tantas mudanças se o denominador comum é sempre o mesmo, ou seja, sendo que és sempre o mesmo, será que adianta mudar os contextos? Sabes quem és?

A questão é sempre a mesma, até deixar de ser! Iludido com quem aparentas ser, encontraste-te “assim”, “aqui”, no meio de um turbilhão, que não tinhas como entender, a história foi rolando, e tu com ela, e até hoje rola e nem percebes que a história tem vida própria, não sabes quem és e imaginas ter algum controle, opções, escolhas, possibilidades... e por todo o lado tantas promessas materiais e espirituais que estás louco (a) por comprar... pois afinal é tudo uma questão de saber, de controle, e sabendo corretamente, certamente farás as melhores escolhas, ou seja, vais escolher o que vai trazer a felicidade, pois é isso que determina para ti o certo e o errado: o resultado, que é analisado, nesse momento, e de acordo com esse “nível” de entendimento, sem qualquer visão do panorama completo...

No fundo é uma questão bem simples... Sofrimento... Fazes tudo para evitar o sofrimento! Mas o que é o sofrimento e de onde vem? Vem das tuas crenças apenas, de mais lado nenhum, apenas das tuas crenças. Acreditas que és um corpo, um indivíduo, que está no meio de outros indivíduos, que precisas de amor, que precisas ser feliz, e que para teres este amor , esta felicidade, esta alegria, terás de merecer... afinal foi isto que observaste do mundo, pelo menos daquela pequenina parte que conheces, e é isto o que diz a GRANDE e VASTA maioria... (seja lá o que isso queira dizer).

O grande sofrimento da tua vida tem sido a rejeição, essa coisa tão dolorosa que te priva do amor que imaginas que vem dos outros, e esse é um dos sintomas da verdadeira “Síndrome”... Apenas por causa disso, tudo o que fazes, está condicionado pela aprovação ou rejeição, é sempre a mesma busca, por isso, todos os empreendimentos, materiais ou espirituais, nunca são satisfatórios, encontras uma grande diversidade de opiniões, e alguma será sempre diferente da tua, e o fantasma da rejeição, acaba sempre por aparecer... Quer ainda andes mergulhado nos infindáveis empreendimentos materiais, ou estejas dividindo o teu tempo nos objetivos materiais e nos espirituais, quer apenas te dediques à espiritualidade, e tudo aconteça em torno disso, talvez seja hora de parar e avaliar se esse fantasma não continua por aí, se esse fantasma não contundia a iludir-te?...

No mundo espiritual, se é que não é tudo espiritual, ou tudo material (dependendo da definição de espírito e da definição de matéria), é a mesma coisa, o mesmo princípio... A vida levou-te numa grande viajem, de mudanças, abdicaste de tantas coisas, descobriste grandes verdades, mas não as consegues realizar... Encontraste um novo estilo de vida, rodeado de seres mais amáveis, que parece que te compreendem, de uma nova filosofia de vida, mais saudável, e sim, a tua vida melhorou! Quer isto dizer, no teu entendimento, que as experiências começaram a ser mais prazerosas, tudo ficou mais tranqüilo. No início eram grandes sonhos, grandes promessas do potencial desse caminho, e tantas provas que a LIBERTAÇÃO é possível, mas pelo meio, e, depois dos esforços iniciais, e de uma forma muito sutil, algo mudou. Distraíste-te! Como tens de viver de alguma coisa, porque não viver de algo que te faz bem, porque não passar isso a outros? Como serei feliz ao fazê-lo, e trarei felicidade a outros, enquanto continuo a minha busca... que plano fantástico, e continuas alegremente... vais ensinar, vais praticar, abrir um espaço, tantos sonhos e projetos, que te vão drenar toda a tua atenção... e com o tempo as tuas práticas enfraquecem, ou entram em rotina, ou em puro esquecimento. Possivelmente, entraste num grupo ao final de semana, fazes uns rituais muito interessantes, ou até mesmo secretos, muito sérios, depois confraternizas, e dentro de ti tudo na mesma, os mesmos medos... Possivelmente largaste toda a matéria, assumiste uma ordem, vives num mosteiro com as rotinas do dia a dia, com as tuas práticas, mas lá no fundo os mesmos medos... Possivelmente tornaste-te um curador, sem te teres curado realmente, tornaste-te um professor sem realmente teres aprendido, mostras o caminho sem realmente o teres percorrido, afinal qual é o mal, se à tua volta estão todos assim? Não tem mal algum, mas andas apenas distraído, distraído do que é importante, de ti mesmo! Convencido que és real, assim como te reconheces, e por isso este universo deve ser real assim como é reconhecido, submerso neste reconhecimento, continuas impotentemente, confuso, e sofres, continuas a sofrer.

Todos os caminhos, todas as filosofias espirituais, falam a mesma coisa, que o sofrimento é uma ilusão, que vem da ilusão, que o mundo é uma ilusão, que apenas quando te realizares estarás além da ilusão, e por conseqüência além do sofrimento, isto por si só já deveria ser suficiente, mas não é. E caso sejas um buscador mais sério, um daqueles que já não está preocupado com o sofrimento, e que já entendeu o primeiro ponto, que o mundo é uma ilusão, e se pergunta: se o mundo é uma ilusão o que é então a VERDADE? Então só esta pergunta seria o suficiente para não te deixar descansar enquanto não fosse encontrada a resposta, mas não é. Dizes, isso é muito bonito, mas as contas, a família, a responsabilidade, a fome, a solidão, a tristeza, e o sofrimento, estão aí! Eu vejo! Eu sinto!

Depois de tanto tempo, nada... Pergunta-te será que queres mesmo quebrar com a ilusão, ou é mais importante pertencer? Será que continua aí o mesmo fantasma? Será que percorres um caminho espiritual, mas continuas com os mesmos medos, medo de ficar só, medo de não ter o que comer, medo de não ter onde dormir, medo de não ter um companheiro, medo disto e medo daquilo. Será que trabalhas mesmo para te libertar da ilusão, ou será que trabalhas para encontrar segurança dentro da ilusão? Constróis e apegas-te ao que constróis, e ainda assim sonhas com a LIBERDADE, e cada vez ela te parece mais um sonho, e cada vez mais te parece que é uma longa jornada, e cada vez mais se multiplicam os desejos, e os medos, e cada vez mais lutas para os aplacar! E como não consegues pertencer, ou seja, continuas a ser rejeitado, então ficas zangado e lutas: lutas contra o sistema, contra a política, contra a maldade, contra a pobreza, as injustiças, assolado por tantas lutas, e completamente esquecido de ti, transitas pelo universo, eras após eras... lutando apenas contra o fantasma da rejeição, contra essa dor que te oprime, completamente sem idéia de quem és realmente.

Sabes, o teu coração é puro, sempre foi, sempre será, no entanto as “coisas” não são o que aparentam, tu não és o que aparentas ser. Seja lá o que tenhas encontrado que te dê segurança, seja lá o que quer que aches que ainda te falta para estares seguro (a), isso é apenas uma ilusão, uma distração... e vê como é forte! Quer estejas na espiritualidade, na matéria, ou em ambos, a ilusão é a mesma. Ao aceitar os objetivos, aceitas a distância sem questionar. Talvez a tua vida tenha mudado bastante, talvez até tenhas encontrado um grupo com quem te identificas, talvez até tenhas um lar perfeito, mas diz-me, sabes mesmo quem és! Estás Realizado? És Paz? És Alegria? És Plenitude? És?

Como poderás alguma vez pertencer, se o mundo, se é que o mundo alguma vez existiu; existiu apenas em ti? Como poderás ser aceite, se não existe quem te possa aceitar, nem existe quem te possa rejeitar, como poderá ser, se apenas Tu existes? Mas enquanto o foco for a segurança e a aceitação, dificilmente haverá um entendimento destas palavras. Será necessário mudar o foco, e questionar fundo, questionar todos os medos, olhar para eles de frente e conquistá-los; todos os medos, até quebrar com a ilusão da individualidade, a “síndrome” que perpetua o ilusório sofrimento. Pensas tu agora: se é ilusório então qual é o problema? E pensas muito bem, não há problema algum! Apenas... para quem é a ilusão?

Tudo muda e nada muda, pois nada realmente acontece.

Hummm???!!!... Mais cedo ou mais tarde chegará a hora de questionar.

Em Serenidade,
Satyavan
Abraços Fraternos a Todos.

Equipe Haja Luz

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